
O problema - há sempre um mas nestas equações - prende-se com o facto de gostar de Cinema (tal como gostar de Literatura ou de Música) implicar a educação do olhar, de ter um espírito aberto e termos a disposição de querer ver algo diferente na forma e no modo pelo qual se conta uma qualquer narrativa. A vertigem da vida moderna é que nos leva, muitas vezes, a preferir a modorra e a preguiça, arrastando a existência até uma qualquer sala para ver uma sucessão amorfa de imagens que, uma vez acesas as luzes, já esquecemos, contrariamente ao preço do bilhete que fizemos questão de pagar à entrada.
Precisamente aquilo que o establishment* pretende: cidadão estupidificado e devida e ponderadamente neutro às barbaridades que vê.
* Não haja dúvidas que em estrangeiro soa melhor.
tudo verdade, mas é uma conclusão demasiado banal e óbvia. Não é só a vertigem da vida moderna, mas as prioridades de cada um. As pessoas preferem fazer esticar os ordenados a interessar-se pela cultura, que consideram ser algo secundário. Não o é, mas não mete pão na mesa nem paga a casa. E portanto não há tempo nem guita para explorar outras coisas que não aquelas que dão consumo imediato.
ResponderEliminarDe qualquer forma não me parece haver grande caminho para trilhar, a não ser tentar criar interesse através do próprio mainstream, ou de filmes menos acessíveis mas que atinjam as pessoas. Não é fácil. e ainda assim as pessoas continuarão a preferir os transformers da vida.
As pessoas não têm olhar sobre o cinema, ouvido sobre a música, ou paciência para ler porque acham tudo isso secundário. E no fundo têm uma certa razão. Não é isso que lhes dá guita. e ter uma visão mais esclarecida do mundo parece-lhes pouco importante.comparado a ter dinheiro para pagar a casa, carro e ter cuidados de saúde, a cultura é pouco importante. E como nâo têm a noção de que pensar é fundamental, cagam nisso.
E é isto, que o comentário já vai longo. Abraço.