quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A reticência



a reticência é...precisamente...a reticência.

É algo que nos deixa transidos, atentos ao que aí vem ou, noutros contextos, o enigma com que temos de nos deparar ao lidar com o sorriso matreiro ou o esgar rápido do interlocutor de ocasião. A reticência é isso e muito mais, mas, com grande probabilidade, não haverá melhor uso para a dita do que aquele que lhe dá Céline, ritmando a sucessão nervosa de frases e sentimentos torrenciais que invadem os seus livros "adultos", como Mort à Crédit, Gignol's Band ou D'un château l'autre. Nessa altura a reticência é suprema, irónica, musical, capaz de trazer, sob a forma de letra de imprensa, as cores e cheiros de uma rua apinhada de gente. A reticência vira sinfonia que vai tocando diante dos nossos olhos estupefactos e dedos ávidos que vão virando a página para ver o que se segue.
Anti-semitismosà parte, em Céline temos a natureza humana tal como ela é: vil, mesquinha e oportunista, mas temos, talvez, o maior dos escritores.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Funções positivas