sábado, 1 de agosto de 2009

Rituais assassinos

Grande, grande filme. The limits of control marca claramente a diferença perante boa parte do "cinema" que vai sendo oferecido em catadupa ao espectador. Filme dotado de ritomo próprio, praticamente elíptico no que tange à história, mas repleto de citações cinéfilas, desde Melville, Godard e, pasme-se, o próprio Jim Jarmusch. Num mundo em que a voracidade da velocidade domina Jarmush oferece-nos um filme de paciência oriental, em que nos compete saborear cada plano, tal como os rituais (aparentemente) milenares de um Isaach De Bankolé nos lembra a cada momento a importância de um código de valores.
Como se não chegasse, Jarmush critica abertamente os estereótipos em cada encontro de Isaach De Bankolé com os seus interlocutores: "Do you like art?" "Do you like movies?". E em cada monólogo relembram-nos que há um passado histórico, que há mais para além do pronto-a-usar, que é preciso reflectir, mas sem abandonar rituais.

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